5 de mai. de 2009

HQ - Watchmen - Moore, Gibbons


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Em 1985, a DC Comics, editora de HQs protagonizadas por Superman, Batman e Mulher-Maravilha, entre outros heróis, planejava lançar uma história com os personagens da extinta editora Charlton Comics. Para a missão, chamou o roteirista britânico Alan Moore. Ele já havia conseguido, graças a certa liberdade editorial, transformar o Monstro do Pântano, um personagem de segunda linha, em um grande sucesso e parecia ser a pessoa mais indicada para a missão.

Semanas depois, Moore apresentou sua idéia de roteiro, que explorava o impacto de heróis e super-heróis em um mundo realista, chamando-a de ‘Watchmen’ (vigilantes), inspirado na frase do filósofo romano Juvenal, “ quis custodiet ipsos custodes” (“Quem vigia os vigilantes?”).

O clima dark proposto pelo inglês de visual hippie e olhar amalucado assustou os editores da DC, que tinham outros planos para os personagens recém-adquiridos. Assim Moore alterou seus nomes e criou uma minissérie alternativa de 12 edições entre 1986 e 1987. Nela, os Estados Unidos da década de 40 possuem pessoas que se vestem de heróis - apesar de não possuírem nenhum poder - e saem à caça de bandidos e malfeitores. Somente nos anos 1950 surge o primeiro (e único) super-herói de fato: o Dr. Manhattan. O homem radioativo, que circula nu com seu corpo azulado fosforescente, leva os americanos à vitória no Vietnam e o presidente Richard Nixon a sucessivas reeleições. Em 1985, às vésperas de uma guerra nuclear com a União Soviética, os antigos heróis, obrigados a se aposentar por um decreto de 1977 aprovado pelo Senado, começam a ser mortos e a sofrerem atentados. Um antigo membro do grupo Watchmen (de um total de seis), o proscrito Rorschach, passa a investigar esses eventos, o que o levará a descobrir algo tenebroso por trás de tudo.

‘Watchmen’ ganhou vários prêmios Eisner (o Oscar dos quadrinhos) e foi a primeira HQ a levar um Hugo, a premiação máxima de ficção científica que, até então, era reservada somente à literatura tradicional.

Com essa carreira promissora, a HQ transformou-se em um fenômeno da cultura pop a ponto de a revista ‘Time’ elegê-la um dos 100 romances mais importantes do século 20. Versá-la para a telona era apenas uma questão de tempo. Mas a complexidade de seu roteiro adiou o desejo dos fãs de vê-la em película por mais de duas décadas.

A exemplo de outras obras do roteirista britânico, Watchmen não se restringe à grandiosidade que foi propor uma nova leitura para os heróis. Se a idéia era fazer uma história contemporânea, Moore e Gibbons levaram o plano a complexidades nunca antes vistas.

A história trata de modo sério e crítico alguns problemas político-sociais e assuntos ainda hoje obscuros para grande parte da população mundial (relatividade, sistemas caóticos, teoria de fractais, metafísica, componentes subatômicos etc.). Tudo foi harmonicamente colocado como parte da história, tanto no roteiro, quanto nos desenhos.

Usando temas complexos de física avançada, fica difícil tachar as HQs de "gênero menor de literatura" ou "leitura para crianças"... Não é à toa que esta série ainda hoje é recomendada por fãs a pessoas que têm um contato esporádico com os quadrinhos. E isso é um erro, pois quem não é leitor pode até gostar da série, mas sem o conhecimento prévio do universo dos gibis e, sobretudo dos super-heróis, a obra perde em compreensão.

O próprio Alan Moore criou excelentes histórias de super-heróis baseadas nos velhos moldes, usando o Super-Homem, Supremo e, mais recentemente, Tom Strong.

Com isso, o escritor inglês mostrou que o problema do declínio dos super-heróis não era o estilo dos personagens, mas a qualidade dos escritores. Usando os mais antigos clichês do gênero, Moore, de forma genial, criou algumas das melhores histórias de todos os tempos. Infelizmente, o dano já havia sido feito.

Watchmen pode ser encarada, com um pouco de boa vontade, como uma ficção científica, que tem mais de 15 anos, mas que ainda hoje trata de temas atuais e traz incluída em seu bojo uma tremenda dose de crítica social, encoberta por simbolismos.

Outra coisa interessante na obra é que a mesma ação é contada sob diversos pontos de vista. Um excelente exercício de metalinguagem, pois cada personagem percebe o entorno sócio-ambiental de forma distinta, e Moore mostra essas diferentes percepções. Assim, numa ação com vários super-heróis, cada um recorda a ação com níveis de detalhamento e perspectivas distintas; e a somatória disso tudo, aliado à percepção única do leitor, vai, aos poucos permitindo o entendimento do que realmente se passou.

Watchmen é uma das maiores HQs de todos os tempos. Recomendação máxima. Vale a pena procurá-la nos sebos. A série, entretanto, tem uma peculiaridade: precisa ser lida várias vezes, o que, acredite, é uma atividade extremamente prazerosa.

(retirado e editado de Terra, Wikipédia, Universo HQ)





PS. Ainda não vi o filme. Na verdade, meu interesse é mínimo em assistir. Depois do fiasco que fizeram com o Wolwerine, o cinema caiu muito em meu conceito.

Um comentário:

  1. Ronald.. adorei a análise do Watchman, concordo no que diz respeito da qualidade da obra.. e para mim entra na galeria das coisas que eu não deixaria de ler.

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