Ainda não acredito que estou escrevendo sobre esse filme. Mas... Como sou muito fã da série criada por Toriyama (sim, antes de ser anime, DragonBall nasceu mangá) resolvi escrever. Até porque a espera irá acabar em breve! Considero irrelevante informar que eu vou esperar estar disponível em locadora para assistir.
Conheci DragonBall pela tv, na rede Bandeirantes, de tarde, meio que sem querer, estava zapeando, coisa rara de eu fazer, pois não gosto muito da tv, mas naquela época, 1999, internet era uma realidade noturna, ficava caro acessar de dia, já que os "pulsos" do telefone comiam solto. Eis que durante a zapeada, caio num desenho claramente japonês, mas que não eram os Cavaleiros do Zodíaco. Pelo contrário, era um desenho até meio infantil, pelo tipo de traço e as cores utilizadas. Mas essa foi a primeira impressão. Durante os anos que se seguiram me tornei fã da série. DragonBall foi uma das melhores coisas que pude ver neste mundo. Uma história colorida e muito bem contada.
Eis que estou aqui divagando, lembrando, afinal, já são 10 anos como fã... No final de 2007, comecei a perceber um papo estranho nos sites sobre DragonBall, o pessoal falando que alguém ia filmar... Pô, conhecendo a história, a saga do Goku é bem maior que a do Skywalker... Se, Hollywood levar a sério a empreitada, tem material para faturar por pelo menos uns dois séculos produzindo filmes... Lançando um título a cada dois anos. A saga escrita por Toriyama não só é rica em detalhes e enredo, como também o é em personagens, a "fauna" criada pelo mundo de DragonBall impressiona... Ouso comparar Akira Toriyama com Robert E. Howard em termos de criação, pois ambos criaram um universo único, próprio. Ok, ok, Tolkien também fez isso. Na obra de Tolkien e Howard, temos muito da mitologia celta e do estereótipo medieval. Já em Toriyama... temos a influência oriental, desconhecida para nós... Porque a história de Goku é baseada num conto chinês, muito popular na Ásia. Consegui encontrar alguma coisa, reproduzo parte da "lenda" chinesa que deu origem a tudo isso no final do post... (porque DragonBall é um mercado zilionário...)
Eis que estou fuçando, quando encontro um material mais interessante que o trailer do filme, propriamente dito. Encontrei uma filmagem da gravação da trilha sonora. E é isso que quero compartilhar com os amigos aqui. Além do trailer e da lenda, claro! Espero que apreciem! DragonBall é realmente um assunto que me empolga!
Divirtam-se!
O que mais gosto neste vídeo, é a atuação do "maestro"! Reparem como ele expressa o "valeu, galera!"
É, não sei realmente o que pensar.
De acordo com o Scott McCloud, DragonBall é considerado muito cartoon, bem afastado da realidade, isto é, não faz parte dos objetivos do autor buscar a realidade, ao contrário, a representação da realidade é feita de forma bem simples, simplória até. Um bom exemplo do que quero dizer é visualizarmos um persongem no "homem-palito", a expressão máxima do ser humano como cartoon. Bom, chega de divagação e vamos à lenda que deu origem à DragonBall:
as aventuras de macaco
Há mais de mil anos, um monge budista chinês chamado Xuan Zang (também conhecido como Tripitaka) viajou para a Índia em busca de cópias das escrituras budistas. a sua viagem tornou-se objecto de uma lenda, na qual ele terá viajado com alguém chamado macaco. Mas quem era este misterioso ser?
Havia um grande ovo de pedra aninhado numa encosta do monte Haolai, junto às margens do mar Oriental, que ali se encontrava desde que o mundo fora formado. havia sido posto lá pelo próprio gigante Pari Gu, o primeiro ser humano existente. os seus olhos transformaram-se no sol e na lua, o ar que respirava tornou-se o vento e a sua voz o trovão. Do seu sangue formaram-se os rios, passando as suas veias a servir de estradas e caminhos. As suas pulgas deram origem à raça humana.
Um belo dia, a casca do ovo de pedra finalmente quebrou-se e de dentro deste saiu macaco. parecia um macaco comum e foi viver para as montanhas, para junto dos outros macacos, mas estes cedo se aperceberam de que ele não era como eles. Todos os macacos são espertos, mas aquele era o mais esperto de todos. Escolheram-no como seu rei. Agradava a macaco ser rei e, assim sendo, reinou durante longos e bons anos. mas após algumas centenas deles (uns falam numa centena, outros insistem nas três centenas), macaco apercebeu-se de que um dia morreria, pelo que ficou preocupado ao pensar no que os súbditos fariam sem ele para tomar conta dos seus destinos.
Ouvira falar de Buda e aprendera que aqueles que fossem realmente sábios e o seguissem viveriam para sempre. - Se isso se aplica aos humanos, porque não há-de aplicar-se a mim? intcrrogou-se macaco, e lá foi ele rumo ao mundo dos humanos, com o intuito de encontrar um mestre que lhe indicasse o caminho para a imortalidade. macaco era um bom aluno e aprendia depressa.
Após bastantes anos de formação nos meandros da sabedoria, conseguia já transformar-se naquilo que lhe aprouvesse ou voar pelos céus em cima de uma nuvem. Descobrira também o segredo da vida eterna. macaco regressou a casa todo contente, mas cedo descobriu que os outros macacos estavam a viver num estado de medo permanente causado por um monstro horrível que os aterrorizava desde que ele partira. Com os seus novos poderes, macaco conseguiu derrotar o monstro e os seus seguidores, mas após o confronto tomou consciência de que a tarefa teria sido facilitada se dispusesse de uma arma especial.
Sabia que o rei dragão do mar Oriental, junto ao qual nascera, guardava um pilar feito de ferro. Com apenas um piscar de olhos, este convertia-se numa agulha pequenina, numa coluna que ia da terra até ao topo dos céus, ou numa vara própria para lutar. Esta seria, sem dúvida, uma arma muito útil... Por isso macaco roubou-a ao Dragão, passando então a escondê-la atrás da orelha, para as emergências. Possuía também um bastão mágico, um grande cacete, que costumava agitar acima da cabeça para assustar os inimigos. com a sua sabedoria e poder recém-adquiridos, macaco sossegou e entregou-se a uma vida pacífica entre os seus súditos.
Um belo dia, no decurso de uma festa, apareceram dois guardas do mundo inferior. A função destes consistia em guiar as almas para o seu mundo, onde morreriam quando fosse chegada a sua hora. - Viemos buscar-te - disseram a macaco. - Mas eu vou viver para sempre! - protestou ele. macaco estava tão furioso que deu um murro no alto da cabeça de cada um dos guardas, dirigindo-se de seguida para o mundo inferior, terrivelmente irado. Lá chegado, irrompeu por um dos tribunais e conseguiu consultar o registo dos mortos. Quando olhou para o livro, apercebeu-se de que os guardas haviam dito a verdade. a morte estava mesmo marcada para aquele dia. A tremer de raiva pegou num pincel e riscou o nome do registo. o senhor do mundo inferior queixou-se ao deus competente, o Imperador de Jade. este último tinha já ouvido queixas acerca do comportamento de macaco feitas pelo rei Dragão; por isso, decidiu que tinha de agir depressa. sabia bem que havia algo que macaco queria acima de tudo: ser considerado importante.
O Imperador de Jade ofereceu a macaco um lugar com um nome todo pomposo, o de «guardião do cavalo celestial». macaco ficou muito orgulhoso, não imaginando que o imperador apenas o queria junto de si no céu para poder estar de olho nele. mas não tardou a aperceber-se da pouca importância da função. Estava já prestes a voltar a preparar das suas quando lhe foi atribuído um lugar ainda mais bem-soante, - «sábio de todo o céu», mas, uma vez mais, revelou-se apenas um cargo com um nome pomposo.
Finalmente, foi confiada a macaco uma missão realmente importante. foi investido, guardião do pessegal da imortalidade, mas esta não foi uma boa ideia, pois tal como o nome sugere, os pêssegos não eram propriamente comuns. Estes frutos eram comidos pelos imortais para garantir a sua vida eterna. Teriam de passar seis mil anos para os pêssegos amadurecerem. Depois de serem comidos, era preciso esperar mais seis mil anos até se poder fazer outra colheita de pêssegos bem maduros.
Que mal poderei causar se comer um único? - disse para si macaco. Era tão delicioso que logo arrancou outro e depois outro e mais outro. Quando um grupo de jovens espíritos chegou ao pessegal para apanhar os frutos destinados ao festim dos imortais, macaco estava a dormir profundamente em cima de uma das árvores, a ressonar alto e bom som. Não demorou muito até que os espíritos percebessem o que tinha sucedido, os pêssegos que faltavam e os caroços espalhados pelo chão, ao redor do pessegueiro onde macaco se encontrava a dormir.
Apressaram-se a fazer queixa a Xiwangmu, a rainha do Oeste, a quem o pomar pertencia. Quando a rainha soube, ficou tão zangada que decidiu não convidar macaco para comparecer no festim dos imortais. Ao saber disto, macaco decidiu comer a maior parte dos restantes pêssegos, bem como beber o vinho que achara no interior de umas quantas cabaças. Aquilo que macaco não sabia era que o vinho era um elixir da imortalidade, que Lao Tzé, o fundador do taoísmo, trouxera para o festim. macaco bebeu-o todo, até à última gota, deixando-se depois cair num sono ainda mais profundo.
Ao acordar, macaco foi tomado de assalto por um terrível sentimento de culpa. Apressou-se a regressar para a sua casa nas montanhas, entre os demais macacos, na esperança de aí não ser encontrado pelos deuses. Quando o Imperador de Jade soube das coisas imperdoáveis que macaco uma vez mais fizera, a sua paciência esgotou-se. enviou um exército de cem mil soldados celestes para o capturar. travaram-se várias batalhas, mas quando macaco foi finalmente capturado e levado ao Imperador de Jade não houve maneira de o condenar à morte, pois ele tinha comido tantos pêssegos e bebido tanto elixir que viveria para sempre.
Em vez disso, o Imperador de Jade ordenou que macaco fosse colocado na fornalha de Lao Zi, onde seria derretido e dividido em partes distintas, de modo a que, ainda que estivesse vivo, não pudesse fazer qualquer disparate. Quando, porém, após quarenta e nove dias, as portas da fornalha foram abertas, saltou lá de dentro macaco a esfregar os olhos. - Está uma grande fumarada aqui dentro! - comentou, saindo dali disparado e soltando uma gargalhada. o Imperador de Jade estava desesperado. Não haveria maneira de acalmar aquele irrequieto?
Decidiu pedir ajuda a Buda. Este, agarrou macaco pelo cachaço e colocou-o em cima da sua mão. - Se conseguires saltar para fora da minha mão, macaco, farei de ti senhor do céu e ocuparás o lugar do Imperador de Jade, prometeu Buda. - Se não conseguires, terás de regressar à terra e trabalhar arduamente para conquistares o direito à vida eterna. - Muito bem - concordou macaco, com um sorriso largo na cara. Deu um salto bem alto no ar e, após uma longa queda, foi parar junto à base de cinco enormes pilares cuja parte superior, de tão altos que eram, estava envolta numa espécie de nevoeiro. - Foi fácil! - gabou-se a rir e, depois de arrancar um pêlo, serviu-se dele como pincel para escrever o seu nome na base do pilar do meio.
Quando deu com Buda a olhar para baixo, para si, macaco foi reclamar o seu direito a governar o céu. - Mas nunca chegaste sequer a sair da minha mão - respondeu Buda. - Saí, pois - insistiu macaco, indignado, contando depois a Buda acerca dos pilares e do nome escrito num deles. Então, - Buda sorriu - aqueles cinco pilares eram os meus dedos. Olha só! E, ao observar de perto, macaco viu o seu nome escrito junto à base do dedo médio de Buda. Suspirou. Tinha finalmente sido derrotado.
Mas as aventuras de macaco ainda mal tinham começado. como assistente do monge budista Xuan Zang, não tardou a ser protagonista de uma série de feitos espantosos, relatados num famoso livro do século XVI chamado Viagem ao Oeste. As aventuras de macaco são ainda hoje das histórias mais populares da china.
(retirado de Ardagh, Philip - Mitos e Lendas Chinesas)
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Site Oficial do filme: http://dbthemovie.com
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